Em 2013, a cineasta Mara Mourão lançou aquele que se tornou um marco para a construção do que entendemos por empreendedorismo social: o documentário Quem se Importa, que foi uma das inspirações do casal Gláucia e James Marins para a fundação do Instituto Legado. Quase dez anos depois, e inspirada no livro A Era do Impacto, escrito por James Marins, Mara Mourão dá continuidade ao trabalho para capturar as transformações pelas quais o setor passou e suas perspectivas para o futuro. O novo filme – Muito Além do Lucro – está em fase de produção e terá James Marins entre os especialistas entrevistados.
Segundo Mara, o filme analisa todas as inovações que estão acontecendo e repensa o sistema capitalista. “A gente tem que repensar o sistema econômico para que ele seja mais justo, equânime e regenerativo”, explica. “A participação do James foi muito importante, com uma entrevista de profundidade incrível. Além disso, está ajudando com o andamento de outras entrevistas, uma espécie de consultor”.
Para Marins, Muito Além do Lucro fala sobre a nossa “era do impacto”, em que as transformações ocorrem de modo cada vez mais acelerado. “Movimentos como Pacto Global, ESG, Capitalismo Consciente, Sistema B, Economia Circular, Capitalismo de Stakeholders, Empreendedorismo Social, Negócios Sociais, Negócios de de Impacto e tantas outros representam uma mesma linguagem que nos diz a mesma coisa: precisamos, urgentemente, ir muito além do lucro”.
Eu me Importo
Em 2019, como resposta à provocadora pergunta de Mara Mourão – Quem se Importa -, o Legado Experiência foi produzido com o tema Eu Me Importo como uma forma sensível de celebrar a trajetória de impacto de empreendedores e empreendedoras sociais de todo o Brasil. Pessoas que se importam e que transforma. O evento teve participação especial de Mara Mourão. “Não interessa se você trabalha com educação, saúde, direitos humanos, ONG, negócio social ou empresa. Você sempre pode causar uma transformação positiva ao seu redor”, disse a cineasta durante o evento.
James Marins avalia que “no velho modelo tratar os negócios”, os empreendedores orientam suas trajetórias para acumulação de lucro para “no final, com grande dor de consciência, doarem 2% para a filantropia cuidar dos 98% de problemas que ficaram para trás”. Já em um modelo que tem a ética como base, a solução dos problemas são incorporadas aos negócios. “Com isso, melhoram o mundo ao longo do processo de produção de riquezas, dispensando os curativos filantrópicos que historicamente não fazem mais que enxugar gelo”, completa.
Dez anos de impacto
O Instituto Legado chegou ao seu décimo ano com mais de 270 empreendimentos sociais acelerados. Para coroar essa trajetória, fomos indicados pela Aliança Pelo Impacto como um dos três melhores cases de backbone organizations (organizações estruturantes, em tradução livre) do Brasil. O trabalho desenvolvido pelo Instituto Legado é citado como responsável por ajudar a orquestrar o ecossistema de investimentos e negócios de impacto, mobilizando diferentes atores sociais.