Para enfrentar os constantes desafios que a humanidade enfrenta, precisamos de uma tecnologia social que permita a indivíduos, grupos e organizações agir com base em nosso melhor potencial futuro. É o que defende Otto Scharmer, pesquisador do MIT que reuniu conhecimentos de diferentes áreas para desenvolver uma metodologia para promover jornadas de aprendizagem e inovação, muito utilizada no ecossistema de empreendedorismo social.
Segundo Scharmer, não conseguimos enxergar os desafios em sua complexidade, somente uma ponta deles. É preciso estar ciente deste “ponto cego”, entender todo o sistema para mudar não a partir de modelos que já foram testados no passado, mas em futuros que ainda vão surgir.
“Entre as fontes importantes de minhas primeiras ideias sobre desenvolvimento e mudança social está uma jornada de aprendizado global para estudar a dinâmica da paz e do conflito (1989-1990). Ele me levou para a Índia para estudar a abordagem de Gandhi para a transformação não violenta de conflitos e para a China, Vietnã e Japão para estudar o budismo, o confucionismo e o taoísmo como abordagens diferentes para o desenvolvimento e a existência. Também tive a sorte de trabalhar com professores únicos, Ekkehard Kappler e Johan Galtung, que me ensinaram que o pensamento crítico e a ciência podem atuar como forças poderosas para a transformação e mudança social”, explica o pesquisador no livro Theory U: Learning from the Future as It Emerges.
O processo da Teoria U
A ideia da metodologia vem do formato da letra U e indica duas visões diferentes para o tempo. O lado esquerdo representa um movimento para baixo, que envolve compreender nossos modelos mentais e nos afastar de tudo aquilo que não é essencial. A base do U representa o momento de reflexão e o lado direito é a subida, o momento em que novas ideias são colocadas em prática.
De acordo com o Presencing Institute, fundado por Otto Scharmer, este processo de deixar ir (velho “eu”) e deixar vir (novo “eu”) estabelece uma conexão sutil com uma fonte mais profunda de conhecimento. “Esses dois eus – nosso eu atual e nosso melhor Eu futuro – se encontram na parte inferior do U e começam a ouvir e ressoar um com o outro. Depois que um grupo cruza esse limite, nada permanece o mesmo. Os membros individuais e o grupo como um todo começam a operar com um elevado nível de energia e senso de possibilidade futura”.
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A jornada pela Teoria U
Passar por todo esse processo inclui sete etapas que requerem a afinação de três instrumentos internos: a mente aberta, o coração aberto e a vontade aberta:
Downloading: Tomada de consciência que nos leva a ir além de velhos hábitos.
Seeing: No momento em que suspendemos nosso julgamento habitual, acordamos com novos olhos. Percebemos o que é novo e vemos o mundo como um conjunto de objetos que são exteriores a nós.
Sensing: No momento em que redirecionamos nossa atenção, nossa percepção se amplia e se aprofunda. Essa mudança muda a distância entre nós e a realidade que estamos observando.
Presencing: Entrando em um momento de quietude, deixamos ir o antigo e nos conectamos com o potencial futuro.
Crystallizing: Como agentes de mudança, nos comprometemos com um propósito para criar um campo de energia capaz de atrair pessoas, oportunidades e recursos que fazem as coisas acontecerem.
Prototyping: Momento da aplicação prática e testagem das ideias de mudança. Aprendemos fazendo.
Performing: À medida que incorporamos o novo ao desenvolver nossas práticas, completamos a jornada da Teoria U.
Teoria U e o empreendedorismo social
Negócios sociais e organizações da sociedade civil também utilizam a Teoria U para gerar transformação social. A metodologia guia equipes de trabalho para a inovação, começando a mudança pelas próprias pessoas.
Quer saber mais sobre o assunto? Confira a palestra de Otto Scharmer no TED (para ver em Português, altere as configurações de legenda).