Projeto criado pela ONG vencedora do Prêmio Legado de Empreendedorismo Social propõe a criação de um negócio social inspirado na cultura africana
Neste último texto da série em que contamos as histórias das iniciativas vencedoras do Prêmio Legado de Empreendedorismo Social 2020, vamos falar sobre a ONG Sempre Mulher – Instituto de Pesquisa e Intervenção sobre Relações Raciais, que atua em Curitiba há mais de 20 anos.
Ficamos felizes em compartilhar com vocês cada uma dessas três histórias e esperamos que seja inspiração para novos sonhos e coragem para continuar a caminhar pelo empreendedorismo social. Agora, conheçam essa linda história.
A Sempre Mulher nasceu do sonho de um grupo de mulheres de diversas áreas de atuação e do desejo de mudar a realidade das comunidades vulneráveis. Embora a formalização tenha ocorrido em 2002, a Sempre Mulher começou a atuar no final dos anos 1990 com Vera Lúcia Cintra, presidente e fundadora, à frente da organização sem fins lucrativos.
As mulheres, em especial as mulheres negras, estão no cerne do Sempre Mulher que atua na promoção e garantia dos direitos humanos e no combate ao racismo e sexismo. As mulheres das famílias que passam pelo instituto recebem orientação e são encaminhadas para programas de transferência de renda e outros benefícios governamentais, e por oficinas de capacitação profissional.
“A partir da identificação desse grupo vimos a necessidade de um atendimento individualizado para essas famílias”, explica Lucélia Gomes da Silva, integrante do instituto. Ela participou, junto com Vera, do Projeto Legado. A Sempre Mulher também promove estudos e pesquisas para reconhecer as vulnerabilidades sociais e as possibilidades de superação daqueles que são acolhidos pela ONG.
Reconhecimento e rede de contatos
Passar pela experiência do Projeto Legado fez com que a Sempre Mulher reconhecesse como o seu trabalho impacta a vida das pessoas, percepção que muitas vezes escapa em meio à rotina. Como nos contou Lucélia, foi uma experiência para reafirmar e reacreditar na força do trabalho da ONG em valorizar, principalmente, as mulheres da comunidade.
“Para nós significou expansão de conhecimento e mensuração de impactos. Na região, ainda somos referência como espaço de formação para geração de renda. Não tínhamos noção de quantas pessoas a gente impactava e atendia”, afirma Lucélia.
Outro ponto importante para a Sempre Mulher, no processo de capacitação no Legado, foi conhecer outros profissionais e causas, e fortalecer a rede de contatos com a qual já trabalhava.
Mulheres que costuram sonhos
Durante a trajetória da Sempre Mulher surgiu a ideia de um negócio social: “Costurando Sonhos Africanos”. Inspirados pela cultura africana, o projeto consiste na capacitação e criação de uma marca própria de roupas e acessórios visando a independência e sustentabilidade financeira da mulher, em especial das mulheres negras.
O objetivo é atingir 90 mulheres que vão trabalhar em oficinas de customização e modelagem durante três meses. Após esse período, os produtos confeccionados serão vendidos em uma loja virtual. Os próximos passos estão sendo planejados.
Para potencializar o negócio, a Sempre Mulher está fazendo parcerias com universidades e trabalhando na pré-execução do projeto “Costurando Sonhos Africanos”. É nesta etapa que o valor do prêmio será investido, desde a estruturação do e-commerce, dos processos burocráticos, como o registro de marca, até a contratação de designer para desenhar as peças de roupas, costuradas por diferentes mulheres e suas histórias. Cada uma delas vai fazer parte da Sempre Mulher, literalmente.
Todas as peças vão carregar a essência feminina na etiqueta. “A marca vai trabalhar com conceito de transformação e informação para que os consumidores entendam que não é só uma peça, é transformação”, reforça Lucilene.
Conheça outros projetos da Sempre Mulher no site:
https://institutosempremulher.wordpress.com
Texto: Mari Cavalcante
