Humanização e solidariedade são bases de pautas sociais e abrem espaço para novas ideias e horizontes
A educação transformadora é o ato de aproximar o aprendizado das atividades e causas da vida real e isso pode ocorrer de diversas formas. Alguns indivíduos começam seu exercício de cidadania desde a infância, já outros, apenas na vida adulta, quando possuem o discernimento de conhecer outros caminhos e viés sociais com os quais mais se identificam.
A necessidade de criar pessoas que realmente estejam envolvidas em temas de impacto ambiental, social e que realmente façam a diferença é enorme. Uma criança que cresce tendo consciência social, muito provavelmente, se tornará um adulto engajado em projetos de impacto e filantrópicos.
O contato com projetos transformadores abre os horizontes, como explica a professora do MBA em Gestão de Organizações e Negócios de Impacto Social, Mari Regina. “Esse contato é super importante por diversos motivos. Quando a gente tem acesso a contextos diversificados, a gente tem um alargamento de repertório, e isso nos ajuda a abrir a mente para outras formas de viver e outros estilos de vida”.
Mais do que as inúmeras chances de crescimento e amadurecimento no qual a educação transformadora oferece, ela não se define apenas em atos de doação. Exercer as atividades como cidadão nos âmbitos políticos e sociais também é dever dos agentes de transformação. Pessoas envolvidas motivam outras a seguirem o mesmo caminho.
Dialogar, pesquisar, conhecer e refletir sobre a sociedade é um dever de todos. O diálogo pode começar dentro de casa, com assuntos do cotidiano e praticando a solidariedade entre os familiares. Todos os dias, nos deparamos com situações que colocam em dúvida nossos sentimentos, pensamentos e condições. Refletir sobre privilégios e mudanças que estão ao alcance é necessário.
“Nas redes sociais ou na rua a gente se depara com situações tocantes, isso mostra que não é normal ser indiferente. Acho que comentar sobre isso que a gente viu é importante. Manifestar esse exemplo de que a indiferença não é normal e a forma como isso me toca o quê está por trás da condição deste ser”, afirma a professora da área de “Empreendedorismo social e ambiental: Movimento transformador”.
Vivências sociais
Para entendermos o funcionamento de algo, é comum que façamos uma visita para conhecer. Quando tratamos de causas sociais, a experiência se torna essencial.. “É interessante levar determinados contextos como ele é, mas também é importante que seja uma experiência in loco. Acho que experiências in loco mobilizam mais a gente, muito mais em questões emocionais”, cita.
A professora do MBA também é responsável pela área de Sustentabilidade do Núcleo de Empreendedorismo, Inovação e Sustentabilidade da Escola Negócios da PUCPR e Doutora em Educação. Mari Regina lembra que é necessário ter cuidados ao visitar locais de acolhimento: “Muitas vezes quando vamos nesses espaços a gente tende a olhar as pessoas como ‘coitadinhas’, e que estamos numa condição especial por não estar com uma certa dificuldade. A gente tem que chegar lá com uma postura de humildade e também com um olhar de dignidade para as pessoas, não de piedade”.
Outro ponto citado pela professora, e essencial no caminho para desenvolver agentes de transformação, por meio da educação transformadora, é a questão emocional. A realidade pode ser bastante chocante. “Pode nos paralisar e não nos trazer uma condição de efetivamente contribuir. Estar junto com a pessoa é um mecanismo também de desenvolvermos a compaixão”, explica.
Empreendedorismo Cívico e sua atuação junto ao ambiente escolar
Além de realizar atividades a fim de transformar o mundo, também é possível criar novos negócios sociais ou ambientais, o que chamamos de empreendedorismo cívico. Incentivar a abertura de projetos em prol de causas é uma atitude bastante positiva, independente do tamanho.
“Não podemos depender só de iniciativas de intervenção, que alguém tome a frente como protagonista para iniciar um grande projeto. Gosto de olhar pela via de ações transformadoras nascidas e que brotam jatos de solidariedade e de compaixão, além de empreendedorismo cívico, porque eu acredito muito que quando a gente é absorvido por essas virtudes no nosso contexto educacional, levamos para diversas atitudes do cotidiano”, explica Mari Regina.
A professora do MBA finaliza explicando que no ambiente escolar já existem políticas públicas direcionadas a ampliar e incentivar a solidariedade e a transformação. A Base Comum Curricular possui diretrizes que direcionam para competências transversais que possuem esses fundamentos. Já nas universidades, a partir de 2023, 10% da carga horária dos cursos devem ser direcionados para atuações na área de extensão.
Texto: Sabrina Fernandes