Investimentos de impacto, busca por trabalho com propósito e inclusão são alguns dos temas indicados
Dentre as tendências de impacto que esperávamos para 2021, a que ficou mais visível foi o debate em torno dos critérios ESG (Environmental, social and corporate governance). O mercado se viu diante da necessidade de repensar seu modus operandi, considerando aspectos sociais, ambientais e de governança, e iniciou uma série de debates sobre o tema. Apesar disso, ainda há muito para avançar até alcançarmos ações mais efetivas. E para o próximo ano, o que devemos esperar? Quais são as tendências para 2022? Neste post, perguntamos a profissionais do ecossistema de impacto quais devem ser os destaques no próximo ano. Confira:
Para o cofundador e presidente do Instituto Legado, James Marins, o ano de 2022 terá duas grandes tendências e a primeira delas segue sendo o ESG. “Os investimentos de Impacto e ESG vão ganhar ainda mais força em 2022, em especial no campo da sustentabilidade e da conservação do meio ambiente. Vários fatores me fazem acreditar que os temas ESG e conservação ambiental estarão na pauta do próximo ano. Em primeiro lugar o forte movimento gerado pelos maiores investidores do mundo em busca de empresas capazes de apresentar relatórios positivos de sustentabilidade. É um movimento de uma dimensão nunca vista antes que deve gerar efeitos em 2022”.
Ainda reforçando motivos para que os temas ESG tenham relevância maior ainda em 2022, Marins acredita que o Brasil precisará se recuperar no campo ambiental. “A conservação ambiental está na pauta diplomática internacional e também na pauta comercial: produtos que não demonstram adequação com regras ecológicas estão perdendo espaço ou mesmo sendo proibidos por países europeus. E por último, a forte percepção de que o Brasil andou muito mal no campo ambiental em 2021 e que precisará se recuperar de forma intensificada em 2022″.
A segunda tendência que o presidente do Instituto Legado aponta está no âmbito educacional. “Educação a distância também terá força renovada, tanto para ensino médio como para ensino superior e pós-graduação, em especial para temas como saúde emocional e propósito de vida”, finaliza.
Fortalecimento de estratégias comunicativas
A jornalista e sócia da DePropósito Comunicação de Causas, Stephane Sena, destaca a construção de diálogos. “Em 2022, teremos mais estratégias de comunicação que fortaleçam os caminhos para o diálogo entre as pessoas e para a construção de mensagens empáticas, que despertem a atenção para causas de uma forma didática e com dados relevantes. Vale lembrar que estaremos em ano eleitoral e a circulação de notícias falsas será tema em destaque. O ciclo de desinformação deve ser intensificado, principalmente, no WhatsApp e no Telegram”.
Olhar mais atento aos oceanos
“A Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 2022 como o Ano Internacional da Pesca Artesanal e da Aquicultura e isso em um momento em que estamos na Década dos Oceanos (2021-2030). Essa é uma demanda urgente, a gente sabe que a situação dos oceanos está ficando cada vez mais crítica”, afirma o oceanógrafo e fundador da Olha o Peixe!, Bryan Muller. “Os oceanos têm total relação com a qualidade de vida. Até por isso foram nomeados esses anos para que tenhamos mais um olhar mais atento e mais ações”.
Migração de profissionais para empresas que geram impacto positivo
A sócia fundadora da Impacta Mundi, Gabriela Peretti, acredita que uma das tendências para 2022 é a migração de grandes profissionais para empresas com propostas de impacto socioambiental e que estejam alinhadas aos seus valores. “Uma grande tendência para 2022 é um movimento que já está se enxergando com mais força nos Estados Unidos: as pessoas escolhendo não voltar para seus trabalhos tradicionais por conta de conflitos entre seu estilo de vida, seus propósitos e os benefícios que aquela empresa oferece. Muitas pessoas perceberam que suas velhas formas de se relacionar com o mercado de trabalho tradicional não servem e estão buscando coisas que fazem mais sentido com o que elas esperam em relação a sua vida pessoal”.
Inclusão
A coordenadora de projetos da ASID Brasil, Caroline Ferronato, acredita que a causa da pessoa com deficiência vai estar presente nos temas ESG para o próximo ano. “Quando falamos de ESG, a gente não vê a causa da pessoa com deficiência, então, cada vez mais a área social vai estar olhando para esse tema”.
Outra das tendências para 2022 apontadas por Caroline é a empregabilidade e educação para pessoas com algum tipo de deficiência. “Acho que vem outro ponto, que é a questão da geração de renda, benefícios e empregabilidade. Isso é algo muito importante para que as PCDs acessem escolas, tenham acesso a saúde e a atendimentos especializados, tenham uma vida mais digna e saiam da questão da vulnerabilidade”, finaliza a coordenadora.