O planejamento estratégico é fundamental para alinhar todos os esforços, investimentos, projetos e iniciativas de um negócio para atingir um objetivo a longo prazo
Imagine que você vai viajar para outro país. Em vez de planejar questões fundamentais como o orçamento para alimentação, estudar a cultura do lugar e fechar hospedagem com antecedência, você prefere decidir tudo quando já estiver lá. O resultado pode até não dar errado, mas sem planejamento, os gastos serão maiores, e principalmente, se algum problema surgir, sua experiência pode ser completamente prejudicada.
O mesmo acontece no mundo dos negócios e organizações sociais. Muitos empreendedores começam seus projetos sem qualquer planejamento, considerando apenas a vontade de gerar impacto positivo. Esse fator é primordial para o start do negócio, mas o planejamento estratégico é fundamental para direcionar quais devem ser os próximos passos e quais as ações necessárias para buscar seu crescimento e a expansão do impacto social.
Por onde começar
O administrador e empreendedor social Alexandre Amorim explica que é “só a partir do planejamento é possível visualizar o desenvolvimento de um negócio. Se o empreendedor não tiver uma visão clara de onde pretende chegar, fica muito mais difícil expandir o impacto social desejado”, afirma.
Amorim é cofundador ASID Brasil, organização voltada para o desenvolvimento e a união de pessoas com deficiência, suas famílias, instituições e empresas para construir uma sociedade mais inclusiva. Recebeu prêmios importantes do setor social, como os Prêmios Empreendedor Social do Futuro do jornal Folha de S. Paulo e Jovens Inspiradores, da revista VEJA. Em 2018, foi considerado um dos jovens mais influentes no terceiro setor do país, pela revista Forbes Under 30. Atualmente, atua na AGO Social, onde é cofundador.
Diferente dos negócios convencionais, que visam especificamente o lucro e os resultados financeiros, os empreendimentos sociais levam em consideração outros aspectos, como pessoas beneficiadas, mudança de políticas públicas, nível de mobilização, etc. Esse fator é um diferencial para o planejamento estratégico de negócios sociais, empresas que além de gerarem lucro, buscam transformar a realidade e gerar impacto socioambiental positivo.
Como fazer?
Para fazer um planejamento estratégico eficiente e que gere resultados, é necessário realizar análises internas e externas sobre a atuação da empresa. Esse exercício funciona como uma forma de entender todos os aspectos positivos da empresa e os pontos a serem melhorados.
Os principais pontos a serem observados na análise interna são os recursos financeiros, humanos, de tecnologia ou de matéria-prima que a organização dispõe; a estrutura organizacional, os processos de divisão de trabalho; e a avaliação de desempenho da empresa em termos de lucratividade, inovação e crescimento.
Para entender o ambiente externo do negócio, é preciso identificar como está a conjuntura política, econômica, social, tecnológica e ambiental da área em que a organização atua ou pretende atuar. Estudar o ambiente externo é fundamental para prever desafios, ameaças e oportunidades.
Amorim explica que essa atividade deve ser realizada com a presença de todas as lideranças da organização, para garantir o alinhamento e pluralidade de opiniões.
Começando pelo básico
Parece trabalhoso, mas Amorim dá a dica: comece pelo simples. Com o tempo e o crescimento da organização, o planejamento vai amadurecendo e ganhando corpo. O administrador ressalta a importância das perguntas básicas e primárias. “Pergunte-se onde quer chegar, por qual método, quais serão os recursos financeiros e quais projetos serão desenvolvidos para atingir o objetivo estipulado”, finaliza.
Usando a metodologia OKR no planejamento estratégico
Um bom planejamento estratégico não pode ser um documento abstrato, difícil de ser executado e que não gera conexão com o propósito do negócio. Para não cair nessa armadilha, vale a pena apostar na metodologia OKR (Objetivos e Resultados-chave, na sigla em inglês), uma ferramenta que permite desenhar um planejamento com metas claras e atingíveis.
Utilizada por empresas como a Google, a metodologia OKR tem quatro principais vantagens: fica mais fácil acompanhar as atividades que visam alcançar um objetivo maior; os processos ficam mais transparentes; as equipes ficam mais comprometidas e dispostas a trabalhar colaborativamente; e o negócio promove uma cultura baseada em propósito.
O conceito de OKR
Objetivos (Objectives): Essa é a parte em que o negócio precisa refletir sobre o que deseja alcançar e porque. Os objetivos precisam ter um propósito claro, que inspire e chame à ação. Assim como projetos acadêmicos, uma boa dica para escrever os objetivos é começar por verbos no infinitivo. Exemplo: “gerar”, “impactar”, “alcançar”, “capacitar”.
Resultados-chave (Key Results): Os resultados-chave indicam como os objetivos serão alcançados, por isso, precisam ser bem específicos, com prazos, fáceis de monitorar e mensurar. Se os resultados forem positivos, o negócio está no caminho certo!
Como colocar o OKR em prática
Defina de três a cinco objetivos e os resultados esperados. Depois disso, crise metas a serem atingidas para cada membro da equipe individualmente e depois para cada equipe. Por exemplo: se o objetivo for lançar um aplicativo em seis meses, é preciso definir as metas mensais, como definir a plataforma, as funcionalidades, o design e fazer os testes. Cada pessoa será responsável por uma ou mais atividades e a equipe deve entregar o resultado no final do mês. Dessa forma, fica mais fácil enxergar se o objetivo maior, definido no planejamento estratégico, será cumprido. Caso os resultados não sejam atingidos, também fica mais fácil identificar quando e onde houve falhas. Que tal tentar colocar a ferramenta em prática?
A metodologia OKR foi criada na década de 1970 por Andy Grove. O investidor norte-americano John Doerr foi o principal responsável por disseminá-la. Em 2018, Doerr fez uma palestra no TED e deu exemplos práticos da ferramenta. Você pode assistir aqui:
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Texto atualizado em 24/02/2022