Iniciativa social continua colhendo bons frutos após dez anos de sua participação
Acácia é o nome dado a um conjunto de diversos tipos de plantas. No Brasil, existem mais de 10 mil hectares de acácias que são utilizados para produção de celulose e geração de energia. Não é por acaso que a Associação Acácias carrega esse nome. Mesmo que de maneiras diferentes, ambas geram energia, uma elétrica, e a outra uma energia que faz com que crianças e adolescentes tenham motivos para acreditar que todos os sonhos são possíveis.
Para entender o que é a Acácia como associação, temos que voltar no tempo e entender como e por que tudo começou. Foi pensando em resolver um problema pontual no qual Marlene Garcia de Andrade se deparava todos os dias, que a organização deu seus primeiros passos. Na época não se pensava que seu legado ainda existiria dali a 30 anos. Marlene era bancária e na frente do banco onde trabalhava dormia um grupo de meninos. Junto com outras mulheres, contaram com a ajuda do grupo Soma e abriram uma casa de apoio para mudar aquela realidade.
As atividades iniciais foram desenvolvidas na primeira casa de apoio, localizada no Hauer, um bairro de Curitiba (PR). O lugar existe até hoje, mas agora como filial. “Ela auxiliava com contraturno, levava até a casa, disponibilizava carro e também oferecia comida. De 20 anos pra cá, um convênio com a Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS) foi aberto e começaram a vir as crianças da FAS pra cá”, explica a coordenadora do Acácias, Gislaine Gouveia.
Agora, avançando alguns anos, chegamos em 2013, ano de início do Projeto Legado. Em seus dez anos de existência, mais de 270 iniciativas já foram aceleradas e a Acácias, além de ser uma delas, foi uma das vencedoras do Prêmio Cereja do Bolo, que anos depois foi batizado de Prêmio Legado de Empreendedorismo Social. No final do projeto, a Associação Acácias recebeu R$ 20 mil para investir em expansão de impacto.
Legado construído após o Projeto
Muitas coisas mudaram após a participação no Projeto Legado e seguem mudando até hoje. “O crescimento profissional foi uma das mudanças. Nós tivemos um crescimento muito legal dentro do Acácias. Financeiramente, reconstruímos todo o Acácias. Se verem hoje, não é mais a mesma de 2013/2014, teve inúmeras mudanças. Principalmente nos prédios, além de termos mais uma construção”, afirma Gislaine.
Hoje em dia a associação não funciona mais como abrigo, está focada em ações educativas e tem duas novas casas. Uma no Xaxim, também em Curitiba (PR), e que agora é a matriz, e a mais recente na Vila Icaraí, comunidade da capital. O novo espaço foi inaugurado em março de 2022 e realiza atividades pedagógicas para crianças e adolescentes da comunidade, de forma totalmente gratuita. O objetivo é atingir entre 40 e 50 crianças, um público maior do que no início, quando contava com apenas dez e existia em regime de casa lar. Hoje, para Gislaine, o novo espaço ficará em um lugar estratégico. “Abrimos o contraturno com cara, amor e coragem, atingindo uma comunidade que precisa”.
Vidas transformadas pela Associação Acácias
Um dos maiores orgulhos da equipe Acácias é ver o quanto estão ajudando a mudar vidas. Muitos dos meninos que passaram pela Associação ganharam novas perspectivas de futuro e hoje estão formados. “Um dos melhores momentos foi quando um dos nossos meninos – que antes vivia na rua- comprou o apartamento dele. Também temos outro formado em Economia em Portugal, além de cinco ou seis cabeleireiros de destaque espalhados pelo mundo. Eu acho que nosso maior auge é ver os meninos que praticamente eram de rua e não tinham família se tornarem o que são hoje”.
Futuro da organização
Para Gislaine, a equipe é peça-chave no desenvolvimento pessoal de cada criança que passa pela Associação Acácias. “É um trabalho de formiguinha. Não é só um, nós somos uma equipe: presidente, diretora, auxiliar administrativo, psicóloga, cozinheira, auxiliar de limpeza, serviços gerais, e por aí vai. É todo um trabalho que envolve atender uma só criança. Muitas famílias têm seus filhos e a mãe que atende ali. O atendimento que a gente tem é para transformar esses adolescentes.
Muitas são as histórias inspiradoras de jovens que viram homens e existem graças a educação e assistência oferecida nos abrigos e casas lares, e se depender do Acácias elas não pararão por aí. Para a coordenadora, três características definem a associação. “Futuro, crescimento e dar muito amor a quem está conosco. Então, acho que a missão é ter a visão do que é o certo, é para isso que a Associação Acácia existe”, finaliza Gislaine.
Gostou do conteúdo e quer conhecer mais iniciativas que já passaram pelo projeto? Confira a série comemorativa de 10 anos do Projeto Legado. As histórias já contadas estão disponíveis aqui.
Texto: Sabrina Fernandes
Foto: Cruz Vermelha PR/2019