2020 foi um ano atípico e desafiador, que mostrou a importância do senso de comunidade, da colaboração e, claro, da ciência. E o que devemos esperar para o ecossistema de impacto social em 2021? Neste post, perguntamos a profissionais do setor quais devem ser os destaques no próximo ano. Investimento social, inclusão e diversidade são algumas das tendências citadas. Confira:
Para o presidente do Instituto Legado, James Marins, há duas grandes tendências para o setor no próximo ano. A primeira delas é o aumento no número de investimentos de impacto, tanto por meio de fundos voltados especificamente para negócios de impacto social e ambiental, quanto por meio de empresas e corporações que passam a adotar os critérios ESG (Environmental, Social and Governance), referentes a investimentos que incorporam questões socioambientais e de governança na análise de impacto. “Isso me parece uma tendência porque diversos líderes e setores empresariais em todo o mundo estão falando sobre estes temas e recomendando uma adesão cada vez maior a esses critérios na condução dos negócios, principalmente no campo das grandes corporações”.
A segunda tendência apontada por Marins é o fortalecimento das lutas e dos movimentos pela garantia dos direitos civis, como o Me Too e o Black Lives Matter, além do combate à homofobia e a afirmação da importância do papel das mulheres na sociedade, tanto no âmbito corporativo, quanto nos setores político e científico. “Essas duas tendências são uma reação da sociedade global contra o retrocesso que nós vimos no ano de 2020 em países como Estados Unidos e Brasil”.
Diversidade
Para a advogada e diretora geral do Coletivo Cássia, Ananda Puchta, a discussão da diversidade nos espaços, em todos os seus recortes: raça, etnia, identidade de gênero, orientação sexual, pessoas com deficiência, refugiados, entre outros, estará em alta dentro e fora das empresas. “Se a gente não valorizar a diversidade, a gente não tem inovação e não tem a possibilidade de conseguir outras soluções para resolver os problemas que estamos enfrentando hoje, tanto sociais e ambientais, quanto econômicos. Será latente também a necessidade de valorizarmos ainda mais o setor de empreendedorismo social e a responsabilidade social das empresas, não só para criar ações comunitárias e ações sociais, como também para influenciar as decisões dos governos”, avalia.
Segundo Ananda, estamos iniciando uma revolução econômica, caminhando para um modelo com mais igualdade, fraternidade e sustentabilidade. “A parceria entre o setor privado e o Estado, com esse olhar da diversidade e do social, vai ser um grande mote no próximo ano”.
Produtos locais
“Eu acredito que uma tendência será a valorização da produção local e da economia solidária. Entendo que 2021 será um ano de economia ainda instável e dólar alto, deixando os preços dos importados mais altos”, afirma o oceanógrafo e fundador da Olha o Peixe!, Bryan Muller. “Além disso, penso que a pandemia, apesar de todos os pontos super negativos, aumentou o senso de comunidade e a intenção em contribuir com produtores e comerciantes locais, fortalecendo quem é mais vulnerável a situações de crise”.
Educação especializada e inclusiva
Coordenadora acadêmica do Instituto Legado, Daniela Nunes lembra que o isolamento social gerado pela pandemia fez muita gente se dedicar mais à formação e enxergar a importância de se atualizar. Além disso, a crise fez aumentar o número de empreendimentos no país. Para ela, em 2021 haverá maior procura por conteúdos especializados no setor social, principalmente voltados à modelagem de negócios e expansão de impacto. O diretor presidente do Grupo Dignidade, Toni Reis, também aposta na educação. “No próximo ano, vamos trabalhar muito com a questão do ensino e da LGBTfobia, além de bolsas para inserir a comunidade LGBTI+ no ensino superior”.
Texto: Stephane Sena