Iniciativa disponibiliza espaço físico e online para que artistas locais divulguem sua marca
Iniciamos na semana passada uma série de matérias especiais sobre os projetos que venceram o Prêmio Legado 2021. O segundo texto é sobre a Casa 102, um negócio social que promove o consumo consciente, o empreendedorismo feminino e a colaboração como ferramenta de transformação da cidade de Curitiba (PR).
O negócio começou em 2016, com cinco amigos e uma ideia simples: ser um espaço físico, com custo acessível para que ideias possam sair do papel. O objetivo do negócio é divulgar e girar a economia local, como conta a co-fundadora Daiana Lopes. “Abrimos a casa a profissionais de áreas criativas para montarem seus escritórios, ateliês e realizarem pequenos eventos, propondo um formato de uso colaborativo do espaço, com gestão aberta. Em cooperação com esses residentes, realizamos mais de 25 feiras e bazares de economia criativa, entre outras ações, que permitiram que centenas de profissionais e artistas locais tivessem seus projetos divulgados ou viabilizados”.
Além da importância social de divulgar artistas da região, a Daiana destaca outro impacto positivo que o negócio trouxe para a área. “Nossa casa fica numa rua que era muito deserta e insegura, com assaltos quase diários. Além de incentivarmos comércios ao nosso redor a abrirem as portas, realizamos em parceria com esses negócios, eventos que ocupam a rua, movimentam o entorno e trazem vida à nossa vizinhança”, explica a empreendedora.
A Casa 102 oferece, além dos espaços, canais de venda e conexões. A loja colaborativa “Espaço Colab” reúne produtos de mais de 35 pequenas marcas, entre propostas de moda e design sustentável, produtos naturais, afetivos e conscientes. Por meio de ações colaborativas, as pessoas se conhecem, trocam experiências, fazem parcerias e aprendem juntas, gerando conexões. “Buscamos apoiá-las nos desafios relacionados ao empreender com pouco recurso e estrutura”, afirma Daiana.
Empreendedorismo feminino
De acordo com um levantamento feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mais de 3,2 milhões de mulheres no Brasil são empreendedoras, mas esse número representa apenas 37% do total de empresários formais no país, a minoria. Na Casa 102, as estatísticas são diferentes. Dentro da loja colaborativa, as pessoas donas de pequenas marcas que expõem seus produtos são majoritariamente mulheres, cerca de 90%. Esse dado possivelmente se dá por conta do aumento do microempreendedorismo, principalmente o feminino, impulsionado pelo desemprego.
Importância do Projeto Legado no autoconhecimento da Casa 102
Após passar por um ano de capacitações, mentorias e workshops no Projeto Legado 2021, a sócia Daiana Lopes fala da importância do projeto no autoconhecimento sobre o negócio, entendendo suas forças, fraquezas e o que se pode melhorar. “Parece que a gente passa a se olhar de uma forma mais apreciativa, a reconhecer nosso potencial e nossas forças. O dia a dia nos coloca muitos desafios e a gente, que tá dentro, acaba vendo muitos problemas e coisas para melhorar, mas não sabe nem por onde começar, então, [o Projeto Legado] nos ajuda a perceber nosso valor”, frisa a empreendedora.
Conexões também são feitas durante todo o processo de aceleração, seja com outras pessoas empreendedoras ou mentoras do Instituto Legado. Para os sócios da Casa 102, essa troca foi bastante inspiradora. “Outro ponto positivo da participação foi o contato com diversos projetos e iniciativas, podermos ter uma troca, nos inspirar e realmente perceber que tem gente trabalhando com outros propósitos… tem iniciativas e projetos com valores sociais e ambientais, acho que isso nos anima a continuar”, destaca Daiana.
Proposta de impacto da Casa 102
Ao final do Projeto Legado, os sócios apresentaram como projeto de impacto aumentar a geração de renda para o público residente – muito prejudicado pela crise na pandemia – e, numa segunda fase, ampliar a comunidade para que mais pessoas empreendedoras sejam apoiadas.
O objetivo é criar núcleos setoriais para que as marcas recebam recursos trimestrais da Casa e possam destravar ações para beneficiarem seus negócios e gerar visibilidade e venda para seus nichos. Em paralelo com essa primeira ação, o espaço oferecerá consultorias coletivas mensais com temas ligados à gestão de negócios para contribuir com o fortalecimento de cada projeto.
“Nosso desafio hoje é conseguir recursos ou parceiros para transformar nosso e-commerce em um marketplace mais funcional e eficiente, que permita que projetos de todo Brasil possam participar dessa nossa ‘vitrine de consumo consciente’, mas sobretudo da comunidade da Casa 102”, finaliza Daiana.