Saiba mais sobre a luta pela visibilidade lésbica e conheça a startup Nohs Somos, que mapeia lugares seguros para o público LGBTI+
No dia 29 de agosto é celebrado o Dia da Visibilidade Lésbica no Brasil. A data tem o objetivo de trazer à tona a luta por visibilidade da mulher lésbica, suas pautas e reivindicações dentro do movimento. O dia foi escolhido por marcar a realização do primeiro Seminário Nacional de Lésbicas no país, em 1996. O evento foi organizado pelo Coletivo de Lésbicas do Rio de Janeiro (COLERJ) com o tema “Visibilidade, Saúde e Organização”, em que discutiram assuntos sobre sexualidade, prevenção de ISTs, trabalho e cidadania.
Desde então, a data é lembrada por entidades que são referências no assunto, como a Articulação Brasileira de Lésbicas (ABL), a iniciativa Sapatá e o Coletivo Nacional de Lésbicas Negras Autônomas (Candace Br), que se unem todos os anos para uma agenda com ações, palestras, rodas de conversa e oficinas.
Por que falar sobre visibilidade lésbica?
Segundo dados do primeiro Dossiê do Lesbocídio, realizado pelo Núcleo de Inclusão Social (NIS) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 126 mulheres foram mortas no Brasil entre 2014 e 2017 por serem lésbicas. Cerca de 55% dos casos acontecem com mulheres que não seguem o comportamento padrão de feminilidade socialmente imposto.
Mapeando lugares seguros
Mesmo com todos os avanços, ainda há muito a que ser feito. Para as pessoas LGBTI+, encontrar lugares em que são totalmente aceitas e respeitadas nem sempre é tarefa fácil. Foi pensando nisso que empreendedores sociais de Florianópolis criaram a Nohs Somos, startup selecionada para o Legado Semente 2020 que mapeia estabelecimentos, eventos e serviços LGBTI+ amigáveis. Por meio de uma plataforma, cada usuário cadastrado pode pesquisar e avaliar locais de acordo com a receptividade ao público LGBTI+, assim como denunciar uma ocorrência de preconceito que tenha sofrido no lugar. Além disso, a plataforma também adverte se um local é livre de racismo e assédio contra mulheres. A função ajuda as usuárias a tomarem decisões mais assertivas e seguras antes de consumir um produto, contratar um serviço, ou frequentar um estabelecimento.
A voluntária do projeto, Nathalia Mota, explica que ainda é preciso tomar certos cuidados em lugares públicos, ainda mais se for um casal formado por duas mulheres. “Enquanto mulher lésbica, não me sinto confortável e segura em certos lugares, por conta da violência verbal e até mesmo física. Então, acho importante que lugares LGBTI+ sejam divulgados, pois tendem a ser locais onde eu me sinto mais segura e respeitada”, explica.
Por isso, a iniciativa conta também com o botão do pânico, que deve ser acionado quando o usuário estiver em uma situação de risco. Sua localização e principais informações são enviados para pessoas próximas ou para amigos cadastrados no aplicativo, que podem prestar assistência e pedir ajuda da polícia.
A ideia
O diretor de produtos da Nohs, Yuri Novo da Cruz, conta que a ideia do projeto nasceu em 2018, quando uma onda de ódio cresceu em torno da comunidade LGBTI+ e pessoas próximas ao seu círculo de amigos começaram a sofrer violência na rua. Assim, criaram um grupo para conversar e entender o que cada pessoa estava passando naquele momento. “Nas conversas, percebemos que as dores da discriminação são diferentes: lésbicas sofrem de um jeito, gays sofrem de outro e a realidade das pessoas trans é outra completamente diferente”, conta. Yuri comenta que a partir dessas percepções nasceu a ideia de criar a startup. “Foi alí que pensamos: estamos no século 21 e podemos usar a tecnologia como uma ferramenta que pode nos ajudar a combater a LGBTIfobia”.
Para conhecer mais sobre a Nohs Somos, acesse o site ou página no Instagram.
Legado Semente
Yuri conta que a experiência no Legado Semente até agora tem sido enriquecedora para o desenvolvimento do negócio. “O maior diferencial do programa é essa troca de experiências com profissionais inseridos em empresas sociais de sucesso. Além disso, temos a possibilidade de conectar com eles após a participação!”.
Em encontros quinzenais, as startups selecionadas para o programa Legado Semente 2020 têm capacitações e mentorias com profissionais que atuam ativamente com tecnologia no setor de impacto social. São discutidos temas como modelagem de negócios, métricas, captação de investimento e aquisição de clientes. Durante o processo de aceleração, os participantes são submetidos a bancas avaliadoras para apresentar a evolução dos negócios. Este ano, em decorrência do isolamento social, o programa está sendo realizado exclusivamente por meio de plataformas digitais.