Para que serve a ciência? Produção de conhecimento, avanço tecnológico, melhoria da qualidade de vida, cura para doenças graves, maior eficiência financeira? Quando se fala em ciência aplicada, a utilidade do conhecimento produzido pelos pesquisadores é ilimitada. Ainda bem. Mas nem tão bem assim. Embora um dos princípios fundamentais da ciência seja a neutralidade, uma herança do positivismo que prega que o cientista não esteja a serviço de nenhum interesse particular, na prática, a história provou que nem tudo são flores.
Um exemplo simples e conhecido por uma ferida profunda que ainda arde na população mundial: o nazismo. Os registros históricos mostram que o governo de Hitler criou uma poderosa arma de guerra, literalmente, aliando a força da propaganda do Ministro Joseph Goebbels aos estudos científicos. Os estudiosos da época fizeram os alemães acreditar, com base em estudos arqueológicos, que eram, de fato, uma raça superior que fatalmente dominaria as demais. Triste engano. Infelizmente, não se trata de um episódio isolado. O crescimento da indústria bélica americana, capaz de fomentar uma série de guerras, só reforça o poder destrutivo que um conhecimento mal empregado detém.
A boa notícia é que a ciência também pode ser usada para a promoção de boas notícias, seja para a solução de problemas sociais ou a simples compreensão dos conflitos que as relações em comunidade geram – tarefa árdua que as ciências humanas se dedicam a realizar, nem sempre com tanto reconhecimento quanto a necessidade que nos é latente. Um exemplo positivo é o Robô Laura, um robô cognitivo de gerenciamento de riscos. Com capacidades que o ser humano não tem, em pouco tempo a máquina já auxiliou na melhoria de processos hospitalares e garantiu a preservação de vidas.
Pensando em discutir o poder transformador de iniciativas que promovam a paz por meio do ciência, no dia 10 de Novembro a UNESCO promove o Dia Mundial da Ciência pela Paz e pelo Desenvolvimento. A data tem amplitude internacional e pessoas em todo o mundo são incentivadas a criar eventos, debates e estudos sobre a temática.
Em Curitiba, com o apoio do Instituto Legado de Empreendedorismo Social, um grupo de voluntários em decidiu se mobilizar e comemorar a data com um dia todo de intervenções. A programação inclui a discussão de projetos de paz, tecnologias, investimento social privado e empreendedorismo social. Trata-se de um movimento descentralizado, mobilizado por um grupo jovem de oito pessoas. Uma das inovações é a utilização do site de cocriação de projetos sociais chamado PeaceLabs, que possibilita que todos os envolvidos no evento acompanhem e participem desde a concepção do evento até a continuidade a longo prazo dos pontos abordados durante as discussões e atividades da intervenção.
O cronograma promete! Atividades mão na massa, oficina de costura para refugiados, meditação, e também muita ciência com workshops de Internet das Coisas e palestras sobre física quântica. Todo o evento será transmitido ao vivo pelo Facebook, com a participação de representantes de mais de 10 paises conectados. Já estão confirmados painéis envolvendo projetos de ciência pela paz na Jordânia, Canadá, Argentina e México. A expectativa é reunir cerca de 300 pessoas. É uma oportunidade rara para fomentar essa nova agenda de discussões, fortalecer e conectar pessoas e iniciativas de impacto.
Saiba mais: peacelabs.co/p/science